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Jovens bombeiros mirins salvam turma em incêndio de ônibus escolar

Jovens bombeiros mirins salvam turma em incêndio de ônibus escolar

Um acidente com ônibus escolarCentro Histórico de Porto Alegre virou manchete nacional na tarde de 3 de outubro de 2025, quando um veículo cheio de estudantes e professores perdeu o controle em uma ladeira íngreme e acabou em chamas.

Contexto do passeio e origem da tragédia

A escola Escola Estadual da Serra Gaúcha organizou, como de costume, um passeio educativo para aproximar os alunos da história da capital gaúcha. O percurso incluía a visita a museus e ao antigo Mercado Público, antes de seguir pela avenida central em direção ao centro histórico.

Com 57 estudantes e cinco professores a bordo, o ônibus partiu às 14h45. A ladeira que desce até a Praça da Matriz tem mais de 12% de inclinação – um detalhe que, segundo o relatório preliminar da Polícia Militar de Rio Grande do Sul, exigia frenagem constante.

Desenvolvimento do acidente

Segundo imagens de câmeras de segurança, o motorista saiu do veículo para checar alguma irregularidade na parte traseira e, ao retornar, o ônibus já havia começado a deslizar sozinho. O veículo derrapou, colidiu com dez carros estacionados ao longo da Rua 24 de Outubro e, em seguida, incendiou-se.

As chamas subiram rapidamente, alcançando a altitude de três metros, o que fez os vizinhos chamarem a brigada de incêndio ainda enquanto o fogo ainda não havia se alastrado completamente. O fogo consumiu os bancos de fibra, deformou a lataria e deixou fios elétricos pendurados como cobras carbonizadas.

Ações heroicas dos estudantes

Dois adolescentes se destacaram no meio da confusão. Túlio Pelin Gonçalves, de 17 anos, e Ariel da Silva Carvalho, de 18, são membros da turma de bombeiros mirins da própria escola. Ambos usaram extintores que carregavam em um kit de treinamento para conter as chamas enquanto guiavam os colegas para fora do ônibus.

"Com certeza, botar o joelho no chão e agradecer. Porque é uma sensação… Saber que todo mundo conseguiu ficar bem, com o problema que foi, com a quantidade de estrago que teve, é uma sensação que não tem descrição", relatou Túlio. Ariel acrescentou: "Eu e o Túlio conseguimos tirar o pessoal para fora do ônibus, e tinha muitos veículos obstruindo a passagem. No primeiro momento, eu subi em cima de um carro e quem não conseguia passar eu consegui levantar".

Os dois estudantes ainda ajudaram a coordenar a evacuação das 40 famílias que moravam no prédio vizinho, que sofreu danos nas fachadas por causa do calor intenso. O Corpo de Bombeiros de Porto Alegre chegou ao local ainda à noite e, graças ao rápido apagamento parcial pelos extintores, consegue controlar o fogo em menos de duas horas.

Resposta das autoridades e evacuação

Resposta das autoridades e evacuação

O comandante da Brigada de Incêndio, capitão Carlos Henrique Siqueira, declarou que a rápida ação dos jovens foi decisiva para evitar vítimas graves: "Sem a intervenção de Túlio e Ariel, poderíamos estar falando de dezenas de feridos graves ou até fatalidades".

Os policiais da Polícia Civil iniciaram a perícia no local, levantando que o motorista não estava no banco do condutor quando o veículo começou a movimentar-se, o que pode indicar falha mecânica ou negligência.

Após o controle total do incêndio, as 40 famílias evacuadas puderam retornar às suas casas por volta das 02h30 do dia 4 de outubro, quando as equipes de limpeza removeram entulhos e fizeram a contenção do calor residual.

Impacto e lições aprendidas

  • Zero vítimas graves – todos os 62 ocupantes tiveram apenas arranhões leves.
  • Treinamento de bombeiros mirins mostrou valor prático em situações reais.
  • Necessidade de revisão das normas de segurança para veículos de transporte escolar em áreas de declive acentuado.
  • Pressão sobre as autoridades para inspeções regulares de freios e sistemas de controle de estabilidade.

Especialistas em segurança viária, como a engenheira de trânsito Mariana Lopes, apontam que o caso pode servir de alerta nacional: "Acidentes envolvendo ônibus escolares são raros, mas quando ocorrem em ambientes urbanos estreitos, o risco de incêndio aumenta consideravelmente".

O incidente também reacendeu o debate sobre a inclusão de programas de primeiros socorros nas escolas públicas. O governador do Rio Grande do Sul, Ranieri Lombardi, prometeu criar um fundo estadual de R$ 12,5 milhões para expandir essas iniciativas.

Próximos desdobramentos

Próximos desdobramentos

Até o momento, a empresa de transporte responsável – Transporte Escolar Sul – está sob investigação e pode ter a licença suspensa pending ao resultado do laudo pericial, previsto para ser divulgado em meados de novembro.

Enquanto isso, Túlio e Ariel foram convidados a participar de campanhas de conscientização sobre segurança viária, que serão veiculadas nas redes sociais da prefeitura e da secretaria de Educação.

Perguntas Frequentes

Como o treinamento de bombeiros mirins ajudou no resgate?

Os jovens haviam praticado simulações de incêndio e uso de extintores na própria escola. Esse preparo permitiu que, diante da emergência, eles soubessem exatamente como posicionar o extintor, controlar a pressão e guiar os colegas para áreas seguras, reduzindo o tempo de exposição ao fogo.

Quais foram as causas apontadas pela polícia?

O primeiro relatório indica que o motorista saiu do veículo por um momento e o freio de estacionamento não foi acionado. Ainda não se descartou falha mecânica no sistema de transmissão, que poderia ter contribuído para o deslizamento.

Quantas famílias foram evacuadas e quando puderam voltar?

Cerca de 40 famílias foram deslocadas do prédio ao lado do local do acidente. Elas retornaram às suas residências na madrugada do dia 4 de outubro, após o corpo de bombeiros declarar a zona segura.

O que a secretaria de Educação pretende mudar?

O governo estadual anunciou um programa de R$ 12,5 milhões para ampliar cursos de primeiros socorros e prevenção de incêndios em escolas públicas, além de fortalecer a obrigatoriedade de inspeções veiculares para transporte escolar em áreas de risco.

Haverá mudanças nas normas de transporte escolar?

Especialistas e órgãos de trânsito estão estudando a criação de requisitos mais rigorosos para freios de emergência e sistemas de estabilidade em ônibus que trafegam em regiões montanhosas ou com declives acentuados, como é o caso da rota utilizada nesta excursão.

2 Comentários

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    Ana Paula Choptian Gomes

    outubro 5, 2025 AT 22:03

    É imprescindível salientar, com a devida formalidade, que a iniciativa de treinamento de bombeiros mirins demonstra uma clara estratégia de prevenção; tal programa contribui decisivamente para a mitigação de riscos em situações de emergência, privilegiando a segurança dos estudantes.

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    Carolina Carvalho

    outubro 6, 2025 AT 00:33

    O acidente envolvendo o ônibus escolar expõe falhas gritantes na fiscalização de veículos de transporte coletivo.
    As autoridades parecem ter negligenciado a inspeção rigorosa dos sistemas de freio, ainda que a ladeira apresentasse inclinação perigosa.
    Há indícios de que o motorista abandonou o posto de condução sem acionar o freio de estacionamento, o que configura imprudência inadmissível.
    Além disso, a falta de um plano de contingência eficaz revela uma lacuna institucional que não pode ser ignorada.
    A presença de extintores nas mãos dos estudantes é digna de elogio, mas não deve mascarar a responsabilidade dos gestores de transporte.
    O fato de que nenhum fatal ocorreu foi fruto da sorte, não de um sistema robusto de segurança.
    O debate sobre a inclusão de cursos de primeiros socorros nas escolas é pertinente, porém insuficiente sem a revisão das normas técnicas.
    Espera‑se que o governo estadual aloque recursos de forma transparente, evitando desvios que comprometam a eficácia das medidas propostas.
    As inspeções regulares dos freios devem ser mandatórias, especialmente em rotas com declives superiores a dez por cento.
    A comunidade escolar tem o direito de exigir auditorias independentes que verifiquem a integridade dos veículos.
    A resposta do Corpo de Bombeiros foi ágil, mas não exime a empresa de transporte de sua obrigação legal.
    A suspeita de falha mecânica deve ser investigada com rigor técnico, sem pressões políticas que prejudiquem a verdade.
    A discussão pública sobre segurança viária ganha relevância, porém deve ser conduzida com base em dados e não em sensacionalismo.
    É crucial que a legislação evolua para incluir dispositivos de estabilidade eletrônica em ônibus escolares que trafeguem em áreas íngremes.
    Somente assim poderemos transformar este incidente em um marco de mudança efetiva e duradoura.

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