Quando Frank Mir, ex‑campeão dos pesos‑pesados do UFC anunciou que precisava passar por uma fusão e laminectomia de toda a coluna torácica, a Global Fight League (GFL) perdeu, numa arrancada, um dos confrontos‑cabeça da sua temporada inaugural de 2025. O combates, que havia sido marcado contra Fabricio Werdum, também tornou‑se inviável quando o brasileiro retirou‑se da promoção alegando falta de motivação sem o rival americano. O duelo, conhecido como Mir vs. WerdumCuritiba, tinha tudo para ser o ponto alto da estreia da GFL, reunindo duas lendas do peso‑pesado frente a frente pela primeira vez.
Contexto histórico: duas carreiras lendárias
Frank Mir, nascido em 1979 nos Estados Unidos, levantou‑se ao pódio do UFC duas vezes (2011 e 2013) e ficou marcado pelos seus finalizações de braço. Depois de um hiato que incluiu partidas de boxe, o último combate de MMA de Mir foi em 2019, contra Roy "Big Country" Nelson no Bellator 231. Já Fabricio Werdum, de 1977, coleciona o título de campeão mundial de jiu‑jitsu e foi campeão dos pesos‑pesados do UFC em 2015, derrotando o então invicto Cain Velasquez.
Ambos se aposentaram dos ringues principais, mas mantiveram o nome em alta, sobretudo ao aparecerem em podcasts e ao treinar novas gerações. O encontro prometido na GFL seria, portanto, a primeira vez que os dois “big dogs” se enfrentariam oficialmente numa organização fora dos EUA.
Detalhes da cirurgia e a retirada de Mir
Em fevereiro de 2025, Mir divulgou em Instagram que precisou ser internado de urgência para uma cirurgia de fusão e laminectomia de toda a coluna torácica. “Foi um grande obstáculo, mas a cirurgia foi um sucesso completo”, escreveu o atleta. O procedimento envolve a remoção de parte das vértebras para aliviar pressão sobre a medula e a inserção de tubos metálicos que mantêm a coluna estável.
O médico responsável não foi revelado, mas a gravidade do caso exigiu internação imediata e um período de reabilitação que, segundo Mir, poderia durar de seis a doze meses. “Estou focado na reabilitação e na recuperação”, afirmou. “É outro desafio que pretendo superar e voltarei mais forte, mental e fisicamente, do que nunca”.
Durante o mesmo período, Mir mencionou que tem dedicado tempo ao treino da filha, Bella Mir, que acumula 3‑0 no MMA profissional, mas que pausou a carreira para estudar nos EUA, primeiro na University of Iowa e depois na North Central College, em Naperville, Illinois, em 2024.
Reações de Werdum e da equipe de treinamento
Quando a notícia da cirurgia de Mir vazou, Werdum, que treinava intensamente em Curitiba sob o comando de Rafael Cordeiro, tentou manter a motivação. Em entrevista ao podcast “Mundo De Luta”, em abril de 2025, o brasileiro explicou que o plano original era um “retorno épico” ao MMA, treinando ao lado de lendas como Wanderlei Silva, Andre Dida e Brunno Ferreira.
“A atmosfera na academia do Dida em Curitiba é incrível. Foi uma grande experiência treinar com mestres como o Rafael, o Wanderlei, o Andre e o Brunno”, disse Werdum. “Mas quando soube que o Mir não iria lutar, perdi a mesma motivação para voltar”.
Ele chegou a admitir que tentou esconder a decepção: “Eu sou do tipo que não demonstra muito o que está incomodando, mas a equipe percebeu que eu não estava feliz”. Essa transparência acabou gerando uma onda de apoio nas redes, mas também reforçou a decisão de deixar a GFL.

Impacto no Global Fight League e no cenário de MMA
A GFL, fundada por empresários americanos com a proposta de trazer eventos de alto nível ao público latino‑americano, apostou no duelo Mir‑Werdum como um dos principais cartões da sua primeira temporada. A retirada dos dois lutadores deixa um buraco enorme no cronograma, que agora terá de repensar a luta‑cabeça da divisão pesada.
Analistas de MMA apontam que a ausência de uma luta de peso‑pesado com dois nomes de renome pode afetar a venda de ingressos e o interesse televisivo. “Essas lutas são as que atraem público casual”, comentou Carlos Henrique da Silva, comentarista da ESPN Brasil. “Sem elas, a GFL precisará acelerar a construção de outras estrelas ou contratar nomes ainda ativos”.
Além disso, a situação evidencia um risco recorrente nas promoções recém‑lançadas: depender de nomes já aposentados pode ser uma faca de dois gumes, já que questões de saúde e motivação podem mudar rapidamente.
Possibilidades de futuro: remarcação ou novo caminho?
Até o momento, a GFL não confirmou se pretende remarcar o combate assim que Mir e Werdum estiverem aptos. Uma fonte interna revelou que a organização está “aberta a renegociar”, mas não há data definida.
Mir, por sua vez, disse que seu foco imediato é a reabilitação. Entretanto, ele deixou claro que “pretende voltar ao octógono”. A recuperação completa de uma fusão torácica pode levar entre 9 e 12 meses, dependendo da resposta ao fisioterapeuta.
Werdum, embora tenha deixado a GFL, não descartou um retorno futuro, desde que “haja o adversário certo”. Ele manteve o vínculo com a academia de Dida e pode aceitar outra luta no próximo ano, talvez contra outro ex‑campeão ou um prospect promissor.
Background: legado dos pesos‑pesados
- Frank Mir: 2 vezes campeão do UFC, 5 vezes vencedor por finalização.
- Fabricio Werdum: campeão mundial de jiu‑jitsu, campeão do UFC (2015).
- Rafael Cordeiro: treinador renomado, responsável por vários campeões do ONE Championship.
- Curitiba: polo de treinamento de MMA no Brasil, sede da academia de Andre Dida.
- Global Fight League: novata no mercado, busca consolidar-se com eventos de grande porte.

Perguntas Frequentes
Como a cirurgia de Frank Mir afetará sua carreira?
A fusão e laminectomia da coluna torácica exigem um período de reabilitação de 9 a 12 meses. Mir pretende retomar o treino gradualmente, focando na força do core e na flexibilidade, antes de considerar um retorno ao octógono.
Qual o impacto da retirada de Werdum na GFL?
A ausência de Werdum remove um dos principais atrativos da temporada inaugural, forçando a GFL a reorganizar seu cartaz e buscar novas estrelas para manter o interesse do público e dos parceiros de mídia.
Há risco de novos confrontos entre ex‑campeões do UFC na GFL?
Embora a GFL queira aproveitar o apelo de nomes consagrados, a saúde e motivação desses atletas são voláteis. O caminho mais seguro é combinar ex‑campeões em lutas únicas, mas manter um pipeline de talentos emergentes.
O que a equipe de Rafael Cordeiro pensa sobre a situação?
Cordeiro afirmou que continuará apoiando Werdum e que a academia está pronta para receber novos desafios, seja reavaliando a roster da GFL ou preparando outros lutadores para oportunidades futuras.
Quando pode acontecer o próximo grande combate de peso‑pesado na GFL?
Ainda não há data oficial. A GFL promete anunciar novidades nas próximas semanas, possivelmente envolvendo outros veteranos ou talentos em ascensão da América Latina.